domingo, 13 de maio de 2018

Documentário de Eli Firmeza sobre NÓS OUTROS

Eli Firmeza faz documentário sobre NÓS OUTROS

Processo criativo e apresentações são matéria de documentário



Depoimentos de Kretã Kaingang, Florêncio Rékág, Paulo Homem de Góes, Marco Antonio Garbellini, Juanita Ramos, Beto Bruel e do elenco.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

NÓS OUTROS faz estreia em 24 cidades no interior do Paraná

Peça convivial, criada a partir do encontro com índios Guaranis e Kaingang,  circula por 24 cidades do Paraná, enaltecendo as relações de encontro desde a diferença.


(foto: Bem te vi Produções)

A peça teatral Nós Outros, uma realização da FALA Companhia de Teatro, com dramaturgia e direção de Don Correa, circula por 24 cidades do interior do Paraná, realizando uma itinerância de 3278 Km, passando por  todas as macrorregiões do estado . O trabalho da companhia curitibana promove o vínculo dos artistas com o espectador a partir da experiência de imersão dos criadores na Aldeia Tupã Nhe’e Kretã, localizada nas imediações do Parque Nacional Guaricana.

Nós outros é um encontro teatral entre pessoas de diversas origens. A partir de uma experiência junto aos Kaingang e Guaranis, o espetáculo busca suspender os discursos e perceber o outro na sua mais completa diferença. Celebrar tanto a cultura quanto cada indivíduo, através de relatos, músicas e danças, é o foco da peça. 

Para a criação da peça, a equipe conviveu com os habitantes da aldeia Tupã Nhe’e Kretã, a fim de  participar de atividades propostas por eles. A partir desta convivência, a dramaturgia foi escrita e esboços de encenação foram procurados. 

O trabalho conta com  colaborações de Kretã Kaingang, liderança indígena com atuação em nível nacional, e de Florêncio Rékág Fernandes, mestre em Educação e diretor da escola indígena,  além dos antropólogos Paulo Homem de Góes e Cauê Krüger. O elenco é composto por Diego Marchioro, Eduardo Ramos, Patrick Belem e Richard Rebelo.

Nós Outros é a busca de um encontro sincero com pessoas com outras visões de mundo. O elenco e equipe criativa buscaram um convívio com os Guaranis e Kaingang na Aldeia Tupã Nhe’e Kretã. O espetáculo busca trazer ao público uma experiência análoga a esta. Reconhecendo a diferença que há entre nós e os outros, entre o semelhante e o diferente, a peça provoca o público a reconhecer a alteridade e ter a possibilidade de uma visão mais complexa do mundo.

Além das apresentações, a equipe realiza oficina de teatro, com acesso gratuito, em todas as macrorregiões e cria registros audiovisuais que são compartilhado em cada lugar visitado.

Com incentivo do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Paraná, a circulação passa por 24 cidades do Paraná com até 20.000 habitantes.

Nós Outros evoca, através da política do encontro, a relação entre diferenças. Uma peça sobre ser humano e suas relações de afeto. Um encontro a partir de agenciamentos heterogêneos e seus espaços.

FICHA TÉCNICA:
  
Direção e dramaturgia: Don Correa
Elenco: Diego Marchioro, Eduardo Ramos, Patrick Belem, Richard Rebelo
Composição musical: Paul Wegmann
Direção de produção: Michele Menezes
Cenário e Arte gráfica: Pablito Kucarz
Artista plástico: Max Carlesso
Figurinos: Fabianna Pescara e Renata Skrobot
Consultoria em antropologia: Paulo Homem de Góes
Assistência de produção: Mia Bueno
Produção Executiva (viagens): Diego Marchioro
Assessoria de Imprensa: Fernando de Proença
Fotos e vídeos: Bem-te-vi Produções

Local de pesquisa: Aldeia Tupã Nhe’e Kretã
Apoio: Companhia Paranaense de Energia
Incentivo: Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Paraná
Produção: Pró Cult
Realização: FALA Companhia de Teatro

SERVIÇO DA CIRCULAÇÃO NÓS OUTROS:

17/02 – Teixeira Soares
18/02 – Cruz Machado
19/02 – Mangueirinha
20/02 – Candói / Cantagalo
21/02 – Chopinzinho / Nova Laranjeiras
22/02 – Capanema /  Capitão Leônidas Marques
23/02 – Matelândia / Vera Cruz D’Oeste
24/02 – Céu Azul
26/02 – Corbélia / Tupãssi
27/02 – Terra Roxa
28/02 –  Mamborê
01/03 – Barbosa Ferraz
02/03 – Assai
03/03 – Faxinal
04/03 – Carambei
06/03 – Porto Amazonas
07/03 – Bocaiúva do Sul
08/03 – Quatro Barras
09/03 – Antonina

TODAS AS APRESENTAÇÕES TEM ENTRADA FRANCA

PARA INFORMAÇÕES DE LOCAIS DAS APRESENTAÇÕES E HORÁRIOS, ACESSAR:

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

TUTORIAL faz temporada no Teatro Novelas Curitibanas

Elenco, ator convidado e público estarão juntos no palco da peça Tutorial


Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Data(s): 27/10/2017 a 19/11/2017 - 6ª feira, sábado e domingo
Horário(s): 20h
Público Dirigido: não
Classificação: 14 anos
Espaço Cultural:
Teatro Novelas Curitibanas

http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/agenda/teatro-novelas-curitibanas-tutorial/

sábado, 11 de março de 2017

TUTORIAL faz estreia no Festival de Teatro de Curitiba 2017

TUTORIAL nos apresenta um ator, uma atriz, e um não-ator diferente a cada apresentação, que pode ocorrer tanto em um teatro convencional como em uma sala de estar. O elenco conhecerá o convidado durante a cena, e o “Tutorial” terá esta pessoa e público como assistentes e participantes. O ator ensina a lutar e a sobreviver, a atriz ensina a amar. Através desta tentativa de ensino, o espetáculo provoca um encontro imprevisível entre elenco, convidado e público.


Dramaturgia e Direção: Don Correa
Elenco: Eduardo Ramos e Guenia Lemos
Assistência de direção: Lucas Neves
Realização: FALA Companhia de Teatro

MOSTRA TEATRO DE SEGUNDA

31/3, 19:00
1/4, 15:00
7/4, 23:00


Teatro de Segunda: www.teatrodesegunda.com
Link do Festival: 
http://festivaldecuritiba.com.br/evento/tutorial-235/

sábado, 16 de abril de 2016

A Primeira Leitura

Reflexões sobre práticas em sala de ensaio

por Don Correa

Don Correa é dramaturgo e diretor teatral formado pela Tshwane University de Pretória e Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná.



"leiam o texto de forma despretensiosa, por um lado clara e articulada, por outro deixando se afetar pelas suas falas"

É impossível saber qual o primeiro passo para a montagem de uma peça teatral. Se começa do anseio individual, ou do encontro entre artistas, não posso discorrer. Tampouco poderia falar se primeiro encontramos o texto para a peça, ou sequer se é necessário termos um texto para começar a montagem. Isto posto, gostaria sim de supor que escolhemos um texto e que gostaríamos de montá-lo, e as questões que podem surgir de tal proposição.

Um diretor lê um texto que gostaria de montar, visualiza alguns elementos básicos e toma sua primeira decisão concreta, a saber, a de convidar alguns atores para uma leitura. Estes primeiros passos já poderiam ser objeto de uma análise pormenorizada, mas deixemos  isso de lado e reflitamos sobre o encontro com os atores convidados, para percebermos como proceder.

Lembro de um diretor que me contou que certa vez teve uma leitura com atores renomados num hotel. Ele instruiu os atores da seguinte forma: "leiam o texto de forma despretensiosa, por um lado clara e articulada, por outro deixando se afetar pelas suas falas". Um dos atores perguntou: "você quer dizer então para entrarmos 'de sola' no texto?", e o diretor prontamente respondeu que não, que ele deveria ir com calma, procurando ter um contato com aquelas palavras. O ator ignorou a resposta do diretor e "entrou de sola", e a leitura foi depois descrita pelo diretor como "uma das piores que já ouviu na vida".

A primeira leitura é um momento delicado, durante o qual estamos tateando com o material, e não deveríamos colocar nossos traços imediatamente naquilo que foi escrito. É um momento de "impressão", e não de "expressão". As estruturas, os sons, as significações não foram ainda mapeadas, é um momento de explorações, de incursões, de sentinela. O mapeamento será feito depois, nos ensaios, e teremos todo cuidado durante esse momento. Mas o fato que as sensibilidades dos artistas estão tendo aquele primeiro contato com o material, em conjunto, faz disso um momento inaugural, por um lado saboreado, por outro sabendo que há muito trabalho a ser feito. "Entrar de sola" seria uma forma de querer agradar o outro, mostrar suas próprias habilidades, e não ter esse primeiro contato. Fazer tal coisa seria falar mais sobre você do que o texto, pois de onde viriam essas opções estéticas tão prontamente empregadas perante este texto? Não seria do seu próprio inventário de "boas práticas" ou "peças idealizadas"?

Uma peça idealizada nunca é concreta, e tende a ser um conjunto de vaidades e opiniões sobre o que o mundo deveria ser. Uma peça concreta precisa lidar com o texto em mãos, com os atores que habitam aquele tempo/espaço, com os nossos limites e possibilidades. Uma peça concreta é dirigida a um público concreto e jamais aquele que povoa nossas ideias ou fantasias.

Se o primeiro exemplo foi por um lado cômico, por outro mostra a vaidade que nos cerca, que é justamente o que nos impede de ter acesso ao outro, e de verdadeiramente fazer com o que o público seja ativo durante um espetáculo, e não um objeto. Um público ativo é aquele que por um lado deixa sua sensibilidade ser cortada pelo evento estético que presencia, por outro adentra tais cortes com seus próprios medos, anseios, desejos. Um artista que quer simplesmente se mostrar e ser adorado pelo público faria melhor se fizesse uma apresentação perante um espelho. Não importa se a adoração do público seja pela figura do ator, sua personalidade, ou por sua tremenda técnica, o ponto é o mesmo: é um teatro que coloca o público como um objeto, um ser passivo. Este teatro faz do público alguém para dirigirmos um discurso, e não um ser ativo, um sujeito. São posturas como essa que já nos dão uma noção da peça que surgirá daquela leitura. Pois se os artistas já têm tal postura perante a "exploração", imagine o que virá na hora da "elaboração"? São posturas éticas que têm profunda relação com o efeito estético que de lá brotará.

Por sorte de nosso diretor, os atores que fizeram o descrito acima não quiseram fazer a peça, e outra leitura foi feita, com outros atores. Na segunda leitura a mesma instrução seria dada: "leiam o texto de forma despretensiosa, por um lado clara e articulada, por outro deixando se afetar pelas suas falas". O segundo elenco, menos pretensioso, decidiu seguir a instrução do diretor. O texto foi mais do que dito, ele foi "fala", ou seja, um evento vivo, um acontecimento. Sim, por vezes haveria tropeços de leitura, de dicção, ou que quer que seja. Mas, a postura era outra, ela permitia que o ouvinte pudesse ter algum acesso ao que era dito, fazendo que o "dito" se tornasse "fala". Quando os atores não sentiam o que estavam dizendo, quando a "fala" era somente um "dizer", eles voltavam atrás e tentavam novamente. Não havia pretensão, vontade de agradar, poses, etc: o que havia era um elenco disponível, à procura de um evento estético.

Importante fazer notar que ter uma sensação no teatro não é um evento íntimo dos artistas. Só tratamos de eventos estéticos no teatro, e não de percepções internas. Se há relação entre uma e outra, não é esse o ponto, mas sim que nosso produto é um evento destinado a percepção do outro, e não do falante. O evento que importa é aquele posto no tempo/espaço, através de corpos, sensibilidades, sons, etc, e nunca as sensações privadas de cada artista.

A instrução do diretor era simples, mas a simplicidade nem sempre é fácil. Pois, para chegarmos a ter essa postura, ética antes de mais nada, de colocarmos o evento estético acima de nossos próprios egos, desejos, anseios, medos, e por fim permitir que o público tenha acesso aquilo que é posto no tempo/espaço, há muito trabalho a ser feito. E mais importante, quando falamos de trabalho, não falamos de esforço físico, nem de horas trabalhadas: trata-se, acima de tudo, de ter uma postura que possa garantir que tudo que tem ali sua origem, seja legítimo.  

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Legitimidade do AQUI/AGORA

uma reflexão sobre o fazer teatral e autonomia

por Don Correa

Don Correa é dramaturgo e diretor teatral formado pela Tshwane University de Pretória e Bacharel em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná.


“Como saber se estamos no caminho certo?” pergunta o ator. “Nós sentimos”, responde o diretor.

"se o corpo não estiver em contato com aquele tempo e aquele espaço, diretamente e sem intermédios, não há a possibilidade de criação autônoma ou singularidade"

A sala de ensaio é certamente a melhor professora de qualquer ator ou diretor. É dentro desse espaço que a prática se revela a grande detentora da verdade. Daí a dúvida se aquilo que é feito no isolamento e solidão da sala de ensaios realmente representa algo de novo, ou ainda mais importante, algo verdadeiro e relevante: uma criação autônoma e singular. A dúvida abre a porta através da qual o seguinte intruso pode adentrar a sala de ensaio: o conceito desprovido das condições de tempo, espaço e subjetividade que estavam em jogo durante aquele ensaio naquele aqui/agora.

Não são raros os processos de criação teatral que perseguem algum pensamento pré-estabelecido. Todos serão julgados pelo seu resultado e/ou efeitos que exercem no aparato sensível do público presente. Sabemos pois que não são questões metódicas que julgam a efetividade de um evento estético, mas a sua apresentação ou performance. Portanto, não procuraremos nos deter em juízos de valor sobre os processos criativos que se preocupam com tais questões metódicas, e doravante nos contentaremos em descrever aqueles que têm a prática como fiel da balança contrapostos àqueles que não.

Pensemos no seguinte processo de montagem de um espetáculo teatral. No primeiro dia de ensaio o diretor diz: “coloque seus pés no lugar desejado, e certifique-se a todo momento que seus pés obedecem tal comando”. A instrução é seguida de diversas caminhadas durante as quais os atores praticam determinar um lugar específico para pousar a planta dos pés. Na sequência o diretor diz: “estabeleça um ritmo na sua respiração”, e o mesmo procedimento é repetido. Por fim, ele explica que “se os pés, sendo naquele momento o contato com a terra, e a respiração, naquele momento o contato com a vida, não estiverem sob controle, nada mais estará”. 

Sendo mais diretos, diríamos que se o corpo não estiver em contato com aquele tempo e aquele espaço, diretamente e sem intermédios, não há a possibilidade de criação autônoma ou singularidade.

Do segundo dia em diante, os atores trabalham com o texto e na elaboração de cada som e cada gesto. O mesmo procedimento é repetido em todos os ensaios, sem medo do erro e sem se esquivar de fazer escolhas necessárias para a elaboração do espetáculo. Certamente os atores estão sempre repletos de dúvidas quanto ao método que estaria sendo utilizado, por um lado tão óbvio e simples, por outro parecendo demasiado banal. A angústia do ator é a de dar um passo em falso, de cometer equívocos. Porém, quando isso se transforma em medo paralisante, a montagem é prejudicada, e trazemos nossos lugares de conforto ao nosso resgate. O medo está sempre presente, mas o medo que beneficia a montagem não é do erro, mas sim o que nos permite frequentar uma zona de risco onde estamos alheios a nós mesmos, permitindo a possibilidade do tão temido ´fracasso´. Fracasso perante as ideias, vitória da verdade construída através daquela situação na qual a intuição foi nossa mestra.

Os dias passam e desta forma cumpre-se todo o processo de montagem, sempre apoiado na intuição daqueles ali presentes, e os sistemas de encenação desenhados pelo diretor, sempre postos naquele aqui/agora e percebendo se exercem plena potência na sua sensibilidade.

Após os aplausos da estréia bem sucedida, os atores criam cada um à sua maneira uma fábula individual ou coletiva que dê conta da “falta de método” daquele diretor, mas exaltam a sabedoria do mesmo por ter sido tão atento a cada detalhe do espetáculo. Eles se recordam das perguntas que dirigiam ao diretor, por exemplo: “que emoção devo ter naquele momento?”, recebendo a resposta: “o que você elaborou através de sua sensibilidade é, e sempre será, legítimo.”

O processo criativo descrito é então aquele de aceitar a singularidade de cada artista presente naquela sala de ensaio, e a confiança de que o fruto de suas escolhas autônomas e intransferíveis terão recepção no aparato sensível de cada individuo que assistirá o espetáculo. É certamente uma hipótese, mas uma que privilegia a intuição e legitima seus juízos. Todavia, percebemos que nem tudo que é apresentado é da ordem do singular e autônomo, tornando o diretor um guardião da sala de ensaio contra todos os intrusos que ameaçam o trabalho dos atores, especialmente aqueles que eles mesmo trazem em seus corpos e mentes, que não são fruto daquela obra com aqueles artistas naquele aqui/agora. O intruso mais perigoso na sala de ensaios seria a busca de uma ideia pré-estabelecida, uma concepção a priori, do que o espetáculo deve “dizer” ou “fazer”, e que, portanto reduz o mesmo a uma série de discursos que utilizarão o fenômeno estético como seu veículo

Poderíamos supor um espetáculo que já fora montado em diversas ocasiões, e que já fora objeto de inúmeras críticas e ensaios. Neste caso devemos ter todo o cuidado para que nossas idéias pré-estabelecidas do que aquele espetáculo deveria ser já não determine o que ele será. Pois, se já sabemos o que um espetáculo será, qual seria a razão de fazê-lo? Não seria melhor deixarmos aquilo para a história da arte descrever? Por que repetir aquilo que já foi feito? Pareceria que há um certo conforto em ser legitimado por um suposto bem fazer, ou ainda mais por uma posição política. Talvez a recepção do público seria mais fácil, pois teriam que simplesmente ligar aquilo que percebem a um modelo já existente, aos discursos tão familiares. Mas seria isso de fato uma criação autônoma? Teria o público qualquer oportunidade de exercer sua própria autonomia perante esta obra?

Por mais que a hipótese de repetir um discurso encontraria fácil legitimação perante a crítica, o público, e principalmente os órgãos detentores do poder, este procedimento não parece convincente, pois submete qualquer evento aqui/agora elaborado pelos artistas aos diversos saberes ou discursos. O papel do artista seria então reduzido ao de simplesmente compreender o modelo pré-existente, elaborado por outrem, e pela sua mímese. Não haveria em tal procedimento lugar algum para singularidade, autonomia ou sequer criação. 

A única resposta parece ser a de expelir os discursos e saberes da sala de ensaio, e proceder tal qual nosso diretor nos instruiu: “colocando nossos pés no chão e exercendo controle da nossa respiração.” Dali em diante, a criação dar-se-á naquele tempo/espaço com aqueles sujeitos, tendo a intuição como guia, e os saberes e técnicas a seu serviço. Desta forma, não haverá nenhum risco de nosso espetáculo ser “didático”, “panfletário” ou de qualquer outra forma prostituído. É a oportunidade de rejeitarmos a imobilidade que questões metódicas ou saberes podem exercer na sala de ensaio, e deixarmos tais questões para antes ou depois, permitindo aquele aqui/agora ser legitimado por si mesmo.


“Não sou um teórico. Não sou um comentador confiável nem uma autoridade para falar da cena dramática, da cena social ou de qualquer cena. Escrevo peças, quando consigo, e isto é tudo. [...] O que eu escrevo não tem obrigação diante de nada, a não ser diante de si mesmo. Minha responsabilidade não é com o público, críticos, produtores, diretores, atores ou meus colegas em geral, senão para com a peça nas mãos, simplesmente." (HAROLD PINTER, 2009)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

PINTER, HAROLD. The Cambridge Companion to Harold Pinter, 2nd Edition. Edição de Peter Raby. Tradução por Don Correa. CUP: Cambridge, 2009. 

sábado, 20 de junho de 2015

Matéria no Teatrojornal dedicada a Novos Dramaturgos

Renovação formal da dramaturgia em SC

Panorama de espetáculos escritos e encenados sob novas influências

Com Stephan Baumgartel

Satan Circus - de Paulo Zwolinski, direção de Eduardo Ramos, na foto: Nathan Diego Gualda
(...)

"Novos nomes também começam a despontar no cenário. André Felipe, de Florianópolis, recebeu duas vezes o prêmio Rogério Sganzerla, da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, pelos textos Suéter laranja em dia de luto e Não sempre. De Jaraguá do Sul, Paulo Zwolinski teve a peça Como se eu fosse o mundo encenada no Festival de Curitiba em 2010, com direção de Roberto Alvim; a peça Os pássaros foi encenada em 2013 pelo Edital Novelas Curitibanas, com direção de Don Correa. Em 2014, também com direção de Don Correa, o texto Gafanhoto estreou no Festival de Curitiba." 

(...)

MATÉRIA COMPLETA:
http://teatrojornal.com.br/2015/06/renovacao-formal-da-dramaturgia-em-sc/